Coluna de Opinião: O Santos e a arte de sobreviver

O Santos virou especialista em contrariar a lógica. Dentro de campo, parece adorar viver perigosamente; fora dele, coleciona problemas e incertezas que fariam qualquer outro clube desmoronar.

O técnico Cleber Xavier segue sendo um alvo constante de críticas, e até ontem ainda pairavam boatos de que Jorge Sampaoli já estaria “fechado” para assumir. Seria o prenúncio de mais uma troca no comando — algo tão comum na Vila Belmiro quanto as promessas da base.

Mas eis que, contra tudo e contra todos, o Peixe apronta. Ontem, foi até a casa de um dos líderes do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro, e venceu por 2 a 1. Uma façanha que se soma à vitória anterior sobre o Flamengo por 1 a 0. Não é exagero dizer que o Santos é o “time das vitórias improváveis”: escolhe os momentos mais improváveis para lembrar que é gigante.

E como fica o Santos agora?

Esses resultados não só afastaram o fantasma imediato do rebaixamento como também colocaram o clube na 14ª posição, quatro pontos à frente do Vasco, o 17º colocado. É pouco? É. Mas para quem vinha entrando e saindo do Z-4, parece um alívio de respirar fora d’água.

Ainda é cedo para falar em tranquilidade. A instabilidade política, os problemas financeiros e a falta de planejamento seguem rondando o clube. Mas, se o Santos conseguir transformar essas vitórias improváveis em uma sequência consistente, talvez Cleber Xavier consiga algo que hoje parece tão improvável quanto bater Flamengo e Cruzeiro: fazer o Peixe nadar para águas mais calmas.