Opinião: Faltou um time para Ângelo e Marcos Leonardo

Foto: Ivan Storti/Santos FC

Uma das bases financeiras dos clubes brasileiros é a venda de promessas para o futebol europeu, algo que se torna comum a saída de jovens ao completar 18 anos por conta da regra da FIFA que proíbe transferências internacionais com menores de idade, em um contexto onde não se tem a visibilidade de uma grande liga ou um dono que injeta muito dinheiro, a solução é esta. Em países como Portugal e Holanda, se torna como opção dos 3 maiores a garimpagem de mercados menores para competir contra os gigantes na Champions League, se formos analisar com calma observamos um crescimento exponencial, vender um jogador oriundo da base pode resultar em um investimento na equipe principal, podendo assim permitir que outras promessas possam subir sem grande pressão, ainda mais por estarem rodeados de jogadores de nível considerável.

Soa estranho a opção de trocar um jogador de 18 anos por um de 30, mas a lógica está em tornar a adaptação para quem vier menos apressada, que permita o erro e desenvolvimento nas tomadas de decisões. A discussão começa na dupla santista que está sendo desfeita, os dois foram colocados à pressas e tratados como a solução, Marcos talvez teve maior paciência, mas a sua renovação em 2022 foi tratada como a contratação da temporada, já Ângelo estreou aos 15 anos e no ano seguinte já era tratado como solução, em um elenco limitado, foi exposto a agressões e xingamentos da torcida, além de críticas desproporcionais por comentaristas, pela falta de referências no time a responsabilidade ficou para os mais jovens que entregavam um desempenho bom considerando a idade, as comparações com Ganso e Neymar foram colocadas mas não foi se aplicado um contexto, ambos jogaram Copa São Paulo de juniores, e tinha paciência em relação a eles, Ney por exemplo jogou 33 partidas do Brasileirão e jogou os 90 minutos em apenas 6 partidas, por outro lado Ganso era titular porém é dois anos mais velho que Neymar, quando os dois foram inseridos como titulares estavam rodeados de jogadores experientes como Léo, Edu Dracena, Robinho, Marquinhos e Elano, um elenco qualificado com bons jogadores que possibilitaram um entorno em cima dos jovens com maior qualidade, algo que faltou no desenvolvimento de Marcos Leonardo e Ângelo.

A venda deles pode gerar um sentimento de tristeza pro torcedor, mas seria ingenuidade achar que eles iriam assumir a responsabilidade do time, talvez o “sacrifício” em torno deles possibilitem uma maior entrega de Deivid Washington ao time profissional, um ambiente mais favorável, com jogadores de maior curriculum e habilidade podem auxiliar em um crescimento, é um pontapé inicial, pensa-se em uma realidade onde o time vice campeão da Libertadores fosse mantido e as chances fossem dadas gradativamente a eles, algo que aconteceu até a partida contra o San Lorenzo em 2021, naquele momento é possível ver Kaiky e Ângelo mais seguros em campo, até mesmo Sandry entrava sem medo de arriscar, é uma metodologia aplicada em todo o mundo do futebol, ter paciência com os mais jovens é importante mas colocar jogadores competitivos ao seu redor é muito mais, infelizmente o Santos teve que vender o almoço para ter um jantar.

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