Mundo da Bola: “Estamos no epicentro da manipulação de resultados”, dispara ex-procurador do STJD

Foto: Divulgação/Mundo do Futebol

O mundo do futebol em geral vem sendo assombrado pelas tão temidas manipulações de resultados, principalmente após a alta no mercado de apostas esportivas. No começo de junho, o gestor de futebol do Náutico-RR, Marcelo Pereira, abriu boletim de ocorrência contra o próprio time; foi à delegacia após derrota de 10 a 2 para o Trem-AP, pela Série D e pediu uma investigação diante da suspeita de venda do resultado.

Em maio deste ano, oito pessoas, entre jogadores, técnico e dirigentes do Crato, foram denunciadas no Tribunal de Justiça Desportiva do Ceará por suspeita de manipulação de resultados no estadual. O clube foi excluído da competição. São apenas dois casos, recentes e conhecidos no mundo do futebol, do mesmo crime denunciado pelo Santos e Red Bull Bragantino na última segunda-feira (20): tentativa de manipulação de resultados no futebol brasileiro.

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Foto: Marlon Costa / Pernambuco Press

Paulo Schmitt, ex-procurador do Superior Tribunal de Justiça Desportiva e que atualmente trabalhando para a Federação Paulista de Futebol (FPF) em casos de manipulação de resultados, acredita que pode estar ocorrendo um aumento na incidência de casos suspeitos. “Vejo isso com muita preocupação. O Brasil parece estar no epicentro de aumento de casos no mundo do futebol”, disse.

Existe uma legislação para coibir essa prática. Envolvidos podem ser punidos, tanto esportiva quanto criminalmente. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), no artigo 242, afirma que quem dá ou promete vantagem indevida para árbitro ou atleta com o objetivo de interferir no resultado de um jogo pode sofrer multa de R$ 100 a R$ 100 mil e ser banido do esporte. O mesmo cabendo para intermediários e membros da arbitragem que aceitarem a vantagem.

No Estatuto do Torcedor, artigo 41-D, fica estabelecido que o responsável por manipulação de resultado no esporte pode sofrer pena de dois a seis anos de reclusão, e ainda pagar multa. Ainda assim, os casos se repetem no mundo do futebol. Em março desse ano, a denúncia foi no Campeonato Sul-Mato-Grossense. Um jogador do Coxim acusou o time de ter perdido propositalmente o último jogo da primeira fase para o então último colocado por 5 a 0, quando precisava de apenas uma vitória simples para seguir na competição.

“A atuação cooperada (esportiva e criminal) é sempre a melhor alternativa, ainda que possam produzir resultados em prazos distintos pois nos tribunais desportivos temos respostas mais rápidas. O que não pode ocorrer é deixar de investigar, controlar, fiscalizar e punir; e sobretudo dentro de um programa de integridade desenvolver ações educacionais e estimular denúncias”, afirmou Schmitt.