Samir Xaud assume a CBF com reformas no calendário e prioridade ao fair play; Santos se posiciona em eleição dividida

O médico e dirigente roraimense Samir Xaud, de 41 anos, foi eleito presidente da CBF neste domingo (25), em uma assembleia marcada pela divisão entre clubes e federações. Com mandato até 2029, Xaud recebeu 103 votos (de 141 possíveis) e liderou a chapa única “Futebol para Todos: Transparência, Inclusão e Modernização”, apoiada por 25 federações estaduais e 10 clubes — incluindo Palmeiras, Botafogo e Vasco, mas não o Santos, que integrou o grupo de 21 clubes que boicotaram a eleição em protesto ao sistema de votação.  

Santos na eleição: entre o boicote e a ruptura 

O Peixe, junto a Flamengo, Corinthians e São Paulo, ausentou-se do pleito, alinhado ao bloco liderado pelo presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, que tentou sem sucesso concorrer contra Xaud. Apesar do boicote, o Santos manteve representação física na assembleia, diferentemente de outros clubes como Fluminense e Internacional. A postura reflete a insatisfação com a centralização de poder nas federações estaduais, que têm peso três vezes maior que os clubes da Série A (peso dois) e B (peso um) nas votações.  

Marcelo Teixeira no Santos - Foto: Santos FC
Marcelo Teixeira no Santos – Foto: Santos FC

Prioridades de Xaud e impactos para o Santos

Em seu discurso, Xaud destacou três eixos que podem afetar diretamente o Santos:  

1. Reforma do calendário: Redução dos estaduais para 11 datas a partir de 2026, sem “desvalorizá-los”. O Paulistão, vital financeiramente para o Santos, teria que se adaptar.  

2. Fair play financeiro: Criação de um grupo de trabalho para regulamentar gastos — tema sensível para o Santos, que enfrenta dívidas e investe alto em Neymar.  

3. Liga nacional: Projeto parado há anos, mas que Xaud promete impulsionar, o que poderia redistribuir receitas de TV e afetar clubes médios como o Santos.  

Foto: Santos FC

Desafios imediatos 

Xaud herda uma CBF com recorde de arrecadação (R$ 1,5 bi em 2024), mas também crises políticas e denúncias contra sua gestão passada em Roraima, incluindo investigações por suposto desvio de recursos em hospitais. Para o Santos, a relação com a nova gestão dependerá de negociações sobre dívidas, calendário e possíveis vetos a mudanças na Série B (onde o Peixe ainda luta para voltar à elite).  

Em resumo, a eleição de Xaud consolida uma CBF menos alinhada aos grandes clubes e mais próxima das federações estaduais. O Santos, que já vive turbulências esportivas e financeiras, terá que navegar com cautela nesse novo cenário — especialmente se buscar apoio da CBF para projetos como a reforma do CT Rei Pelé ou a manutenção de Neymar.  

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